25 de novembro de 2008

Chora a chuva

Chove a chuva na terra
E desaba o que foi feito do esforço.
Chovem as lágrimas do rosto,
Pelo patrimônio antes inteiro
E que agora é esboço.

Chove a chuva como em reforço,
Meio que para acompanhar as lágrimas,
Meio que para arrebanhar o lodo.

Chove a chuva como vingança,
Por brincar-mos com a terra
Feito inconseqüente criança.

E é bem lá na distância
Que o céu finda seu lamento
Por que enquanto esperam
Pelo sabor de um bom vento,

As famílias continuam a chorar,
As lágrimas não deixam de rolar,
E as pessoas sobrevivem...
Sabe-se do que lá!

Ô bicho-homem!
Agora agüenta a conseqüência,
Por que a seqüência,
Não há de ser melhor.

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Pra quem tá se fodendo com essa água toda.

18 de novembro de 2008

Eu escrevo

Pra aliviar.
Pra esticar os músculos da alma.
Eu escrevo pra ti, eu escrevo pra mim.
Escrevo pro mundo sobre mim. Escrevo pro mundo sobre ti.
Eu descrevo o mundo, eu massacro o mundo;
Eu odeio o mundo.
...
Eu amo o mundo.

Eu lhes conto o real,
Faço (des)contos à ilusão.
Eu escrevo de paixão,
Eu escrevo de escravo,
Eu, escravo da paixão,
Escravo por paixão,
Escrevo por paixão.

Eu,
Escravo da palavra
E de ti,
...Amada.

8 de novembro de 2008

Morena à brasileira

Acaricio-te não com os olhos de quem vê,
Mas de quem sente.
E como se o perto não fosse o suficiente,
Aproximo-me do teu respiro
E de conseqüência,
Arrepio.

No teu suspiro eu perco o ar,
Suspendo a fala,
Suscito um beijo.

Terno, lento, sutil,
Para fazer sentir cada imperfeição
De ti perfeita,
De ti Brasil.

Beleza negra, brasileira,
Dos olhos pretos à pele morena,
Do teu sotaque gingado
Do rebolado.
Você inteira,
Toda minha
E brasileira.

Não leia

Espeto meus sentimentos pra fazer sangrar.
Sangrar da ponta da espada mais afiada – a que escreve – as idéias timidamente explícitas de um coração conturbado,
As confissões mais apaixonadas de um Eu Poeta.
Poeta já amargado,
Pelo tempo e pelo (antes enorme) espaço.

Soco o estômago que reluta em digerir os novos amores,
Fortes estocadas para finalmente vomitar os versos meus.

Versos. Mais seus do que meus,
Mas que talvez nunca chegarás a ler, ou sequer, ver.
Apenas e apenas, sentir.

Tu os sentirá nos beijos,
No calor do meu toque que percorre a tua forma,
se perde nas tuas curvas
E termina no delicado fio que liga meu olhar ao teu.

Porque, amor, meu amor...
Veja... digo, sinta bem:
Não espere-me explícito nas sombras de um poema,
Leia-me convicta nas entrelinhas dos suspiros,
Nos intervalos dos sorrisos
E concreto, mas contido, na força de um abraço.

Tenha certeza de mim no calor do meu olhar,
E não, NÃO, na frieza das palavras,
Porque apesar de polidas,
Não são o que eu sou.
Vivas.