21 de junho de 2009

Definindo valores*

*incompleto até o dia em que eu me for

Adendo: Definir-se não é limitar-se, absolutamente. Definir-se é, na verdade, o exercício mais eficaz de auto-conhecimento que se pode fazer consigo mesmo. Este é um espelho do que penso, com os valores definidos e estáticos, para mais tarde serem analisados, só que nesta próxima vez com a mente mais sábia e com a vida mais vivida.
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Paciência – saber medir as palavras, saber esperar o momento de fazer, dizer e agir. Compreender quem não entende tanto quanto você; compreender-se por não entender tanto quanto o outro.

Lealdade – Estar ao lado de quem tu amas e admiras apesar das dificuldades. Não trair, mesmo que o lado oposto pareça mais atraente aos olhos; o que importa é o lado que lhe afaga o coração.

Confiança – Largar cegamente o que for importante no colo de um bom amigo ou de um grande amor, tendo a certeza que outrem corresponderá à altura da responsabilidade que você atribuiu a ele (a responsabilidade pode ser uma tarefa, um segredo, um fato do dia-a-dia. Qualquer coisa).

Humildade – Saber admitir o erro ou a menor aptidão diante de alguém ou da enormidade do mundo em si. Lembre-se, você é um grão de poeira num galpão enorme; todos os outros são grãos como você e ninguém é maior que ninguém, apenas diferente em alguns pontos específicos.

Generosidade – Saber dividir o que não lhe é tão necessário com quem necessita mais que você. Elogiar e levantar a auto-estima de quem precisa é sempre um ato de generosidade hoje em dia, num mundo em que os defeitos se sobresaem às qualidades de forma selvagem demais (capitalismo?); elogios generosos, mas não forçosos e sempre sinceros.

Justiça – O justo é abstrato. O que é certo para alguns é errado para outros, e por isso o campo jurídico é tão aberto à interpretações. Justiça é o que é certo segundo estes valores (se estes valores forem certos mesmo), tentando não contradizer uns aos outros.

Honra – É a incorruptibilidade, é manter-se de pé e firme diante do que lhe atrai por simples futilidade. É a força que se tem para manter seus valores intactos. Quando se trai os próprios princípios, você perde o que chamo de honra. Você perde a dignidade. Você se perde.

Perseverança – Não desistir da luta ou do que se almeja, não importando a dificuldade. Perseverança exige bom-senso; saber a hora de parar é tão virtude quanto a força de vontade para não desistir.

Respeito – A aceitação do diferente. Saber entender que o outro não é pior ou melhor, apenas diferente, e saber conviver com isso. Respeito aos mais velhos é a maior baboseira do mundo, muito embora não se deva desrespeitá-los (assim como com qualquer outro); os mais velhos já passaram por mais coisas que os jovens, mas eles também têm algo a aprender, independente da idade do vivente com quem se relaciona. Portanto, o respeito deve ser mútuo, sempre.

Flexibilidade – Saber ceder quando está errado ou quando o seu bem não é tão bom quanto o bem maior. Saber encarar críticas sem ofender-se.

Sinceridade – em oposição à mentira e à fofoca. A sinceridade pode ser a verdade que o outro não vê, e isto não deve ser encarado como ofensa, mas sim como crítica para construir uma base mais forte, sabendo dos defeitos que se tem. Como a verdade é, na maioria das vezes e para a maioria das pessoas, difícil de encarar, exige-se delicadeza do sincero e flexibilidade e humildade do ouvinte.

Paixão – A intensidade desenfreada de se fazer o que gosta, de estar com quem se quer. Paixão acaba, cessa, morre. Paixão é empolgação e é momentânea.
Se confundida com amor, diz-se que é ilusão, mas não: Se é amor, é amor, se é paixão, é paixão; são coisas diferentes e podem ocorrer ao mesmo tempo.

Amizade – É a junção da Paciência, Lealdade, Humildade, Generosidade, Respeito, Flexibilidade, Sinceridade e principalmente Confiança e Amor (sem a paixão).
É um sentimento bonito e que ocorre raramente, com pessoas que se “encaixam” de alguma forma, que passaram por vivências diferentes e acabam tendo muito a ensinar um ao outro.

Amor, de amar – Apesar do egoísmo que ele tem como anexo obrigatório, apesar dessa vontade de querer o outra apenas para si e não querer dividi-la... apesar dos defeitos, ele é um sentimento bonito. O amor que vos falo aqui é o que vem acompanhado da paixão: uma obsessão doentia e dedicada à pessoa que se ama, mas, ainda assim terna, serena e quente.
Dos sentimentos, ele é o mais exagerado, cheio de extremos distantes uns dos outros, mas que de alguma maneira se completam de forma magistral. Mesmo que nos faça sofrer o coração, e que rolem lágrimas de nossos olhos, ele é lindo e sustenta a maioria dos bons valores.
Apesar de tantos apesares, de tantos defeitos, efeitos colaterais e de parecer feio ao tentar descrevê-lo, ele é o sentimento mais difícil de se encontrar e o mais bonito de se viver. Indescritível como é, só vivendo pra entender.

Em palavras sábias: Impossível definir exatamente.

1 de junho de 2009

Faz-te inteira

Eu quero amar de corpo inteiro e me jogar, independente do quanto eu vá me machucar, mas a correspondente de meu amor só ama até uma parte, em parte. Sou um amante invasivo que insistiu tanto que entrou, que não consegue mais sair, e que no fundo do teu poço eu não consigo chegar pra te ajudar. Eu cavo e chego perto, porém não o bastante pra te dar a mão, pra te puxar. Não obstante, eu ainda tento, em vão te fazer entender que eu entendo. E muito distante, tu não me deixa avançar, pensando que assim eu não vou me machucar.

No fundo, do teu poço e da tua consciência, tu sabe que assim eu sofro mais.
Meu amor, machucar-me é inevitável, então que seja te amando inteira, e não apenas essa pequena fração.

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escrito em 22 de março e continua atual.