23 de dezembro de 2009

A resposta:

Como descobri o meu menininho

Da primeira vez que o vi, ele era, pra mim, igual a cem mil outros garotos. Eu sei que ele não se lembra disso, mas a minha memória guarda ainda uns pequenos detalhes daquele dia. Recordo de um rapaz (ainda não sabia que era apenas um menino), ele devia ter os seus dezoito anos e tinha todo o cabelo raspado. Não sei bem o porquê, mas a imagem dele com uma câmera emprestada na mão, tirando fotos daquela festa, ficou guardada na minha cabeça. Tudo bem, admito: a minha memória é melhor do que a dele. Mas, sinceramente, não encaro os pequenos esquecimentos como coisas totalmente negativas. Esquecer, às vezes, é necessário. Com toda a minha capacidade de guardar acontecimentos, chego a lembrar de coisas das quais gostaria de esquecer.
O rapaz da máquina emprestada me chamou a atenção da primeira vez que o vi, mesmo ele não notando. E então, eu fui embora e ele ficou. Nada de diferente, a impressão passou, pelo menos até a próxima vez em que nos encontramos. Confraternização de universitários. Calouros e pré-calouros perdidos em meio a veteranos adaptados ao ambiente de música alta e muita cerveja. Confesso que estava um pouco desorientada. O convite induzia ao uso de alguma fantasia, mas, como eu sabia que ninguém ia aderir à brincadeira, eu escolhi o meu vestido branco. Tudo começou numa conversa. Inclusive já falamos algumas vezes sobre essa conversa. Acho que o seu cabelo estava um pouco mais comprido (hoje sei que ele cresce bem rápido). No início era uma roda de pessoas animadas com o começo do ano falando sobre tudo e qualquer coisa. Era verão, mal havia começado a primeira semana de aulas, as férias não tinham se despedido. Pelo menos não pra mim.
Uma apresentação, um nome errado, tentativas frustradas. “Não, o meu nome não é Marília.” “Tem certeza?”. “Como eu não vou saber o meu nome, guri!”. Sim, foi um começo engraçado. Não há melhor maneira de começar o amor do que com humor. O que é o amor senão uma brincadeira? Acho que é assim que deve ser, pelo menos no começo: leve, risonho, engraçado. Bom, foi assim. Ele falava bastante, eu falava bastante, a conversa fluía. Brincadeiras a parte, um cara legal.
Eu pensei: ‘Gostei desse cara.’ Nunca estive tão certa. Hoje, eu o amo com todas as minhas forças, com todo o calor e segurança que os meus olhos podem transmitir, com toda a imaturidade dos meus anos. Palavras durante toda a noite: na pista, no sofá, do lado da mesa de sinuca, em cima da mesa de sinuca. Palavras trocadas sem esforço, sem serem procuradas por muito tempo. Elas estavam ali, no começo da boca, pedindo para serem ditas, pedindo para que fossem puxadas por outras palavras. E assim foi. Depois da fala, veio o silêncio. Um pouco constrangedor para duas pessoas que haviam falado tanto e com tanta fluência. Sentamos lado a lado, pelo o que eu me lembro. ‘Eu gostei desse cara’. Não sei o que aconteceu primeiro, se fui eu que encostei a minha cabeça no seu ombro ou foi ele que se aproximou. Bom, mas de qualquer jeito, não podia ser. Não era legal, os dois sabíamos.
Mais uma festa, mais conversas. Até uma dança, uma quadrilha meio improvisada, divertida. Mais uma carona. Ele já tinha visto a minha mãe duas vezes e nem sequer éramos amigos, ou já éramos, não sei. É, as coisas sempre aconteceram meio rápido com a gente.
O resto foi a internet, acho. Planos mirabolantes envolvendo telemarketing, recados grandes sobre os assuntos mais improváveis: de ovos de páscoa a sotaques estranhos. Nunca nos faltou assunto, realmente.
Pulamos no tempo para aquele derradeiro 14 de agosto. Cumprimentos, nenhuma expectativa, alguma conversa. O lugar talvez estivesse lotado, estávamos perto demais, algo que eu percebi instantes antes. Seguiram-se as explicações sobre a minha semelhança com os meus pais, assunto idiota, eu sei, mas é que com ele eu consigo falar sobre tudo, sobre qualquer coisa. E então: um beijo. Longo, bom, certo. Quatro meses e alguns dias de beijos certos. Não há nada mais que eu poderia pedir.
Não quero mais nada do que esse rapaz, ou melhor, do que esse menino. Do que esses olhinhos pequenos que me olham de um jeito tão bom, tão verdadeiro. Não há nada mais do que esse sorriso de criança que aparece depois de poucas e certeiras cócegas. Eu decorei as suas caras sem sequer ter consciência de que o fazia. E aprendi que ele franze as sobrancelhas e, não sei como, encolhe aqueles olhinhos quando fica preocupado. A sua boca também muda, mas eu não sei explicar em palavras. Adoro quando ele diz que me ama em sequência, sem hesitar e várias e várias vezes. Adoro porque eu o amo do mesmo modo, em uma sequência infinita de declarações.
Adoro-o porque ele é sincero, porque ele me decifra muito melhor do que amigos de longa data. Adoro-o porque ele se empenha em me entender quando outros nem tentam. Adoro o seu jeito de falar, meio rouco e com um leve sotaque gaúcho. Adoro as nossas conversas, os nossos silêncios, os nossos momentos juntos. Odeio o Oceano Atlântico e os pedaços de terra que nos separam, porque assim não posso abraçá-lo, nem expressar todo o amor que sinto por ele do jeito que eu gostaria: com milhares de beijos, abraços, cafunés, olhares apaixonados, com intermináveis horas deitada ao seu lado, dormindo ou observando o seu sono.

Adoro-o porque o amo. Amo-o porque é ‘ele’, sem nenhum aprimoramento ou modificação, sem nenhum quê a mais ou a menos. Amo-o porque ele me cativou e comigo toda a doçura que os meus olhos podem ter.

19 de dezembro de 2009

A menina dos olhos

Bom dia. Boa tarde ou... boa noite! Ou que bom seja qualquer período ou dia em que você, curioso leitor, estiver me lendo. Hoje venho com um testemunho sobre uma menina diferente das outras, que é dessas que um homem procura uma vida inteira para achar.
Fui longe atrás de uma assim.
Procurei incansavelmente, passei pelos caminhos mais tortuosos que se pode passar, e, no fim de minha jornada, a descobri a dez quadras de minha casa. Ela é especial para mim, então, mesmo que eu tente, a imparcialidade talvez não me seja um pertence aqui. Sem mais delongas, lhe apresento quem chamo de Menina dos Olhos.

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Obs.: Menina dos Olhos pode parecer um termo abrangente demais para uma menina tão especial quanto a menina destes olhos em especial, mas faço questão de nomeá-la assim, visto que é assim que a vejo, feita de olhares.
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Seria, no entanto, grosseria a minha se não antes me apresentasse! Bom, adiantando um pouco as coisas, lhe digo: o que lhe conto aqui não é para causar inveja, mas é que tenho motivos para me vangloriar. Fui nomeado pela própria menina dos olhos como um autêntico Menininho! Foi assim que ela fez para me diferenciar dos homens grandes. E como bom menino que sou, aprecio os detalhes que os grandes já não enxergam mais, aqueles que apenas os pequenos veem. Talvez eu não o faça sempre, é bem verdade, visto que a fisiologia de meu corpo já não me identifique mais como criança... mas tento sempre. Aprecio as coisas bonitas e as percebo quando assumo o posto que a Menina me concedeu. Quando assumo a meninice que ela me devolveu.

Então, a Menina é tudo o que os meus olhinhos fizeram questão de registrar. Para começar, um fato: não é só de olhos que ela é feita. É claro que não. Sou um menininho, observo todos os pequenos detalhes. Veja os cabelos, por exemplo. Longos. Lisos aqui, enrolados ali. Um pouco como a Menina... fácil de entender, de manusear, de se relacionar, como os cabelos de cima, lisos. Mas complicada também, enrolada como os cabelos da ponta. E, ainda que fácil e complicado, tudo ao mesmo tempo, é também bonito e com cheiro de flor.
Ah, sim, o cheiro da Menina! Eu, no meu tempo de menino que passa rápido demais, lamento não ficar um pouco mais, onde o ar tem o cheiro de primavera que eu não canso de respirar...
E o respiro! Sim, a seqüência de inspirações e expirações que só ela tem... já conheço de cor. Já notei as combinações, as velocidades, as quantidades e os tamanhos de suas respirações! Cada ínfimo detalhe do movimento de sua boca e pulmões eu anotei com meus verdejantes olhinhos pequenos.
Porém, ainda que eu pense já ter reunido tudo sobre os olhos e sobre a menina, da boca que respira também brotam palavras, frases, histórias. A menina, mais do que qualquer outra menina, tem muito que contar. Histórias mirabolantes, aventuras desvairadas, anedotas malucas. Todas verdades, em que seus olhos não deixam mentir. Verdades atrás de verdades, a menininha joga em meus ouvidos palavras gostosas de ouvir, recheadas de detalhes, verdadeiras até o fundo dos olhos.


E os olhos... finalmente os olhos. Uma típica qualidade de menina. Contudo, não tão típica quando a menina já tem seus bem dezoito anos vividos. Como eu, que fui nomeado Menininho pela 'dos Olhos, a fisiologia de seu corpo já não a identifica mais como menina. A diferença entre nós é que ela não tenta ser menina. Ela o é, independente do que seu corpo aparente aos outros. O segredo está nos olhos.
Estes, tão falados, são grandes, castanhos. Mudam a intensidade de sua cor, combinando sempre com o sol lá fora. Talvez seja por isso que ela não aguente a Europa - a tristeza daqueles sóis reflete diretamente na tristeza dos dela.
Já falei que são castanhos? São castanhos, marrons, cor de café. Ou de capuccino, como ela costuma preferir. Cor de capuccino, só que um pouco mais escuros, e que brilham junto com o sol do céu lá fora. Já vi também seus olhos brilharem no escuro, como que imitando a lua, misteriosa, mas esse brilho dura uns poucos segundos - a menina dos olhos é feita de verdades.

Além da cor e do tamanho, há a maneira como olham os tais olhos grandes cor de capuccino que brilham junto com o sol. O jeito como a Menina dos Olhos me olha é diferente. Às vezes eles possuem um ar de admiração, como se aprendesse com os meus. Mal sabe ela que quem mais aprende sou eu.
Muitas e muitas vezes, vejo neles um olhar de curiosidade, que analisa, como que querendo descobrir tudo que tenho guardado em mim. Mal sabe a menina que o que guardo dela são as notícias que trago desde a última vez que a vi, e nada mais. Tenho certeza que ela sabe, dela nada nunca escondi.
E sempre, sempre vejo nos olhos dela, quando cruzam com os meus, o olhar amoroso de quem cuida do que é seu. Confiante, seguro e quente, como o amor deve ser, como ela me olha.

Mas não são em palavras de menino ou do mais valoroso poeta que eu explicaria o que são esses olhos afinal. A explicação dos olhos dela, é o que reflete os meus, e esse é o máximo que eu posso lhe adiantar. Se encontrares uma menina de olhos tais, tente um dia traduzi-los, como agora tentei. Verás, que, menino ou poeta, não conseguirás senão refleti-la, como eu reflito os dela.

27 de setembro de 2009

Fácil assim

Acredito que quanto mais complicado o assunto, mais se tem pra falar sobre ele. Já as coisas simples costumam ser tão simples que não se tem muito o que dizer. Bom, o ponto aqui é daqueles simples: eu te amo, fim. (:

21 de agosto de 2009

De vidas passadas, cara!

Não é papo de bobo apaixonado, de cego amante ou de criança cheia de expectativas. É meu discurso consciente sobre um possível novo amor. É idiota dizer isso sobre alguém que falo há uma semana, mas a gente parece se conhecer desde sempre.

Eu: -Vermelho ou azul?
Ela: - Azul.
Eu: - Café ou capuccino?
Ela: - Capuccino.
Eu: - Nescau ou capuccino?
Ela: - Capuccino. E tu?
Eu: - Nem gosto de nescau. Jack Johnson ou Donavon Frankenreiter?
Ela: - Donavon.
Eu: - Verão ou inverno?
Ela: - Ah, depende de muitas coisas. O que tu prefere?
Eu: - Depende de muitas coisas. Gato ou cachorro?
Ela: - Cachorro é bem mais divertido, mas gosto um pouco de gatos.
Eu: - Tenho medo de gatos.
Ela: - E tu trabalhava numa pet shop!
Eu: - Pois é!
Ela: - Tenho uma irmã mais nova. Tu tem uma irmã mais nova também, não?
Eu: - Tenho! A sua tem quantos anos?
Ela: - Quinze.
Eu: - Ufa, finalmente alguma coisa diferente. A minha tem dezesseis.
Ela: - A minha faz dezesseis em outubro.
Eu: - O que a gente não tem em comum, ein?
Ela: - Hm... minha família é do Rio Grande do Sul, e a tua?
Eu: - Também!
Assim, sem parar de encontrar semelhanças aqui e ali, até que nosso tempo acabasse. Alguém aqui tem que estudar afinal (e não sou eu, auehuihae).


Eu sei que tinha prometido a mim mesmo a solidão por uns tempos. Cheguei a estipular um ano de coração sozinho e farreação desenfreada. Juro que eu tentei, mas assim fica difícil.
...
Que ótimo!

22 de julho de 2009

GOODbye

"Enviada: sábado, 18 de julho de 2009
Assunto: Feliz aniversário!

Eu sei que você lê as coisas muito rápido, então leia esta devagar, uma vez na vida. Cada parágrafo foi bem pensado e escrito de coração, então quero que absorva tudo que eu digo aqui. É esse meu presente, um email de aniversário que eu sei que você não gostaria de receber. Mas ainda assim... FELIZ ANIVERSÁRIO! :D
O que eu desejo pra ti é o que você já sabe: Todo o bem do mundo, todas as melhores coisas. Se os presentes que eu gostaria de te dar dependessem de mim, te daria sentimentos e virtudes.

Eu te daria o sentimento de gratidão, para que você tenha sempre a sabedoria de reconhecer as coisas boas que te rodeiam. Eu abriria seus olhos pro mundo que te ama aqui fora, pros amigos que continuam do seu lado, pros seus pais que fazem tudo o que podem pra te ajudar.

Eu te daria a virtude do perdão, pra que você se livrasse do rancor que guarda de seus pais, pra que você começasse tudo do zero e finalmente visse que eles sempre estiveram ali, as vezes perto, as vezes longe, mas contigo pra tudo.

Eu te daria a humildade, pra que você caísse logo dos teus saltos mal equilibrados e admitisse receber a ajuda e o amor dos outros; pra que você se deixasse ajudar de uma vez, ao invés de querer resolver-se sozinha sempre.

Eu te daria a coragem, pra que você erre de novo e não se esconda de novo; pra que você encare de frente as besteiras que fez, para que tenha o peito de admitir as próprias falhas.

Eu te daria, no mínimo, dois ouvidos a mais, para que você ouvisse pelo menos metade das coisas que seu pai diz, e que você considera papo furado. Seu pai é um homem sábio e de bem, e não fala nada para lhe prejudicar - só você parece não entender isso.

Eu lhe daria olhos mais abertos, pra que visse na sua mãe a guardiã e companheira que ela é. Você pode não gostar do Deus em que ela acredita ou do jeito que ela pensa, mas tudo que ela faz é uma grande conspiração; uma conspiração ao seu favor.

Eu não te daria mais amigos, porque deles você tem pelo menos uma mão cheia. Mas eu te daria o reconhecimento, já que você sozinha não consegue ver neles um porto seguro, coisa que todo mundo, olhando pra sua vida, vê de longe.

Eu tiraria todas as pessoas de você por um dia inteiro pelo menos, para que você soubesse o que é não ser notada de verdade, para você enxergar como as pessoas que te amam prestam atenção em você, sem você nem perceber.

Eu juntaria todos os sentimentos e virtudes acima pra te dar só uma coisa: Vontade de ser melhor. Vontade por verdade. Vontade de viver.
Eu te daria tudo isso, mas eu não posso.

Não se compram sentimentos enlatados, não se acha uma virtude perdida no supermercado. Eu te daria tudo isso se eu pudesse, mas o poder de dar isso tudo pra ti, está só em ti. Pra receber os presentes que eu te recomendo, você vai ter que se esforçar, você vai ter que aprender, você vai ter que viver. A vida é uma escola, já diziam por aí, então vá vivê-la. Seja melhor, seja viva... seja de verdade!


E é esse meu presente. Palavras simples que eu quero que guarde bem. Palavras simples escritas com amor e com a profunda vontade de que você seja feliz, acima de qualquer coisa.

Com todo o meu amor,
G."



Caberá ao nosso amor o eterno ou o "não dá"

Couberam os dois.

Eu te amo

de mim,
para mim mesmo.


Metade de mim foi arrancada à força pelas mãos de minha própria consciência e o que era preenchido, ficou vazio. Antes cabiam confortáveis dois, agora me perco um. É estranho ter um coração inteiro só pra mim, sendo ele o meu próprio. De repente me achei perdido dentro de mim.
Fazia quase um ano que eu vivia por dois. Há quase um ano eu me preocupava mais com ela do que comigo mesmo. Há quase um mês eu só tenho a mim outra vez. E agora há pouco descobri que já não sei quem sou em mim.
Tenho que me acostumar outra vez à solidão desta carreira solo. Tenho que reaprender a fazer piadas da minha própria idiotice, pra que depois eu ria no espelho, comigo mesmo. Tenho que aprender o que eu nunca me ensinei; tenho que aprender a ser sozinho. Enquanto eu não for completo só, não serei metade de dois.
Tenho que voltar a me amar outra vez, antes de amar um outro alguém. Cansei de ser metade - quero ser inteiro, completo em mim.

21 de junho de 2009

Definindo valores*

*incompleto até o dia em que eu me for

Adendo: Definir-se não é limitar-se, absolutamente. Definir-se é, na verdade, o exercício mais eficaz de auto-conhecimento que se pode fazer consigo mesmo. Este é um espelho do que penso, com os valores definidos e estáticos, para mais tarde serem analisados, só que nesta próxima vez com a mente mais sábia e com a vida mais vivida.
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Paciência – saber medir as palavras, saber esperar o momento de fazer, dizer e agir. Compreender quem não entende tanto quanto você; compreender-se por não entender tanto quanto o outro.

Lealdade – Estar ao lado de quem tu amas e admiras apesar das dificuldades. Não trair, mesmo que o lado oposto pareça mais atraente aos olhos; o que importa é o lado que lhe afaga o coração.

Confiança – Largar cegamente o que for importante no colo de um bom amigo ou de um grande amor, tendo a certeza que outrem corresponderá à altura da responsabilidade que você atribuiu a ele (a responsabilidade pode ser uma tarefa, um segredo, um fato do dia-a-dia. Qualquer coisa).

Humildade – Saber admitir o erro ou a menor aptidão diante de alguém ou da enormidade do mundo em si. Lembre-se, você é um grão de poeira num galpão enorme; todos os outros são grãos como você e ninguém é maior que ninguém, apenas diferente em alguns pontos específicos.

Generosidade – Saber dividir o que não lhe é tão necessário com quem necessita mais que você. Elogiar e levantar a auto-estima de quem precisa é sempre um ato de generosidade hoje em dia, num mundo em que os defeitos se sobresaem às qualidades de forma selvagem demais (capitalismo?); elogios generosos, mas não forçosos e sempre sinceros.

Justiça – O justo é abstrato. O que é certo para alguns é errado para outros, e por isso o campo jurídico é tão aberto à interpretações. Justiça é o que é certo segundo estes valores (se estes valores forem certos mesmo), tentando não contradizer uns aos outros.

Honra – É a incorruptibilidade, é manter-se de pé e firme diante do que lhe atrai por simples futilidade. É a força que se tem para manter seus valores intactos. Quando se trai os próprios princípios, você perde o que chamo de honra. Você perde a dignidade. Você se perde.

Perseverança – Não desistir da luta ou do que se almeja, não importando a dificuldade. Perseverança exige bom-senso; saber a hora de parar é tão virtude quanto a força de vontade para não desistir.

Respeito – A aceitação do diferente. Saber entender que o outro não é pior ou melhor, apenas diferente, e saber conviver com isso. Respeito aos mais velhos é a maior baboseira do mundo, muito embora não se deva desrespeitá-los (assim como com qualquer outro); os mais velhos já passaram por mais coisas que os jovens, mas eles também têm algo a aprender, independente da idade do vivente com quem se relaciona. Portanto, o respeito deve ser mútuo, sempre.

Flexibilidade – Saber ceder quando está errado ou quando o seu bem não é tão bom quanto o bem maior. Saber encarar críticas sem ofender-se.

Sinceridade – em oposição à mentira e à fofoca. A sinceridade pode ser a verdade que o outro não vê, e isto não deve ser encarado como ofensa, mas sim como crítica para construir uma base mais forte, sabendo dos defeitos que se tem. Como a verdade é, na maioria das vezes e para a maioria das pessoas, difícil de encarar, exige-se delicadeza do sincero e flexibilidade e humildade do ouvinte.

Paixão – A intensidade desenfreada de se fazer o que gosta, de estar com quem se quer. Paixão acaba, cessa, morre. Paixão é empolgação e é momentânea.
Se confundida com amor, diz-se que é ilusão, mas não: Se é amor, é amor, se é paixão, é paixão; são coisas diferentes e podem ocorrer ao mesmo tempo.

Amizade – É a junção da Paciência, Lealdade, Humildade, Generosidade, Respeito, Flexibilidade, Sinceridade e principalmente Confiança e Amor (sem a paixão).
É um sentimento bonito e que ocorre raramente, com pessoas que se “encaixam” de alguma forma, que passaram por vivências diferentes e acabam tendo muito a ensinar um ao outro.

Amor, de amar – Apesar do egoísmo que ele tem como anexo obrigatório, apesar dessa vontade de querer o outra apenas para si e não querer dividi-la... apesar dos defeitos, ele é um sentimento bonito. O amor que vos falo aqui é o que vem acompanhado da paixão: uma obsessão doentia e dedicada à pessoa que se ama, mas, ainda assim terna, serena e quente.
Dos sentimentos, ele é o mais exagerado, cheio de extremos distantes uns dos outros, mas que de alguma maneira se completam de forma magistral. Mesmo que nos faça sofrer o coração, e que rolem lágrimas de nossos olhos, ele é lindo e sustenta a maioria dos bons valores.
Apesar de tantos apesares, de tantos defeitos, efeitos colaterais e de parecer feio ao tentar descrevê-lo, ele é o sentimento mais difícil de se encontrar e o mais bonito de se viver. Indescritível como é, só vivendo pra entender.

Em palavras sábias: Impossível definir exatamente.

1 de junho de 2009

Faz-te inteira

Eu quero amar de corpo inteiro e me jogar, independente do quanto eu vá me machucar, mas a correspondente de meu amor só ama até uma parte, em parte. Sou um amante invasivo que insistiu tanto que entrou, que não consegue mais sair, e que no fundo do teu poço eu não consigo chegar pra te ajudar. Eu cavo e chego perto, porém não o bastante pra te dar a mão, pra te puxar. Não obstante, eu ainda tento, em vão te fazer entender que eu entendo. E muito distante, tu não me deixa avançar, pensando que assim eu não vou me machucar.

No fundo, do teu poço e da tua consciência, tu sabe que assim eu sofro mais.
Meu amor, machucar-me é inevitável, então que seja te amando inteira, e não apenas essa pequena fração.

-

escrito em 22 de março e continua atual.

30 de maio de 2009

Matemática sentimental aplicada, aula 1

Esqueçamos do tempo que vai se esvaindo. O tempo é relativo. Nossa ampulheta sempre vira outra vez. E se não virar, pouco importa: o tempo É relativo.
O que nos resta pode ser apenas 'o que nos resta',
Mas o que nos resta, pode ser eterno. A variável é o amor.

Ainda bem que minha matemática é das boas:
Amor por ti é constante, mas também crescente.
O resultado dá positivo e variando ao infinito,
e o que resta somos nós.


Santa matemática, essa minha!


6 de maio de 2009

Direito, sereno, inteiro.

Se é pra fazer, que faça bem feito;
Se é pra acreditar, que confie sem duvidar;
Se é pra andar, que corra de uma vez;
Se entrar, que seja pra ganhar;
Se for perder, que seja lutando;
Se for pra fugir... não sou eu.

E se é pra amar, que ame direito,
Envolver-se de corpo inteiro.
-
E é isso que eu te reclamava, clamava por ti inteira porque eras minha pela metade, te entregavas em parte. O que sobrava ficava atrás do disfarce.
Insisti porque sou teimoso e és também, e conclui que ainda bem, o amor é mais teimoso que eu e você.

Coração de pedra dura, tanto ama até que fura.

E finalmente quebrei a tua.
Não te tenho inteira ainda porque levaria a vida pra desvendar,
mas te tenho serena e disposta a,
de fato,
finalmente amar.


P.S.: É só o começo.

27 de fevereiro de 2009

Minha calma, minha tormenta

Vivemos como um barco sob tempestade
A deriva sobre o mar
Um amor que tem idade
Mas sem defeitos pra achar

Vivemos à espera de piores ventos
Sem culpar o pouco tempo
Ou o mau tempo.
Vamos indo, sem lamento

Sem ligar pra hora
Sem se preocupar quando vais embora
Nós vivemos o agora.

E tudo bem,
Pode ir
Um dia eu deixo que te vá
Só não suspeita que é falta de amar

É que contra o destino certo eu não sei lutar
Mas vê se lembra:
Nenhum futuro é tão certo que não possa mudar.

Todavia, uma condição, só uma:
Já me deves uma visita
Em ocasião oportuna
Ou em qualquer saudade súbita

E não sou eu quem te proclama
Esses versos como quem reclama
É meu coração que não se despede
É o nosso amor
Que como o nosso,
Nunca mais repete.

(Sou só eu quem pede
... não vai.)

17 de fevereiro de 2009

Meu carnaval sentimental

Pelos amores dessa minha vida
Vou dançando pela avenida
E a banda de emoções desfila

Cada um dos sentimentos
Cada qual em seu instrumento
Cada lamento
Em seu devido momento

A Paixão
Que samba sem parar,
Tenta manter meus pés longe do chão
Ou por mais tempo no ar

A base parada é que não pára
Porque bem frenético
Sem remédio
O Nervoso treme
O corpo quase resvala

E o Coração?
Marca a batida
Toca na percussão,
Feliz da vida

Só que na confusão de uma paixão
Ele abandonou a bateria
E a banda agora toca em deliciosa
(e quase talentosa)
Disritmia.

E sambando em minhas rimas
Ao som desregrado da batida
Lá na frente
Ela ainda desfila.

É a rainha da bateria
É a mulher da minha vida.
__

No final da contas
O resto da banda passa
E lá em casa
Só ficou a Razão.
Ela tem seus problemas,
Não aprendeu a desfilar.

A razão nunca soube o que é amar.
_________________________

Essa vai pra minha futura e desconhecida esposa, HOHOUIHAOIUHA

11 de fevereiro de 2009

Eu escrevo,

Só pra arrancar aquela expressão
Talvez uma exclamação
Ou até um sorriso abobado
Palavras soltas num balbuciado.

Pra te impressionar e provocar,
Talvez um choro minguado
Ou quem sabe um sorriso,
Desses,
Meio de lado

Eu escrevo pra te fazer indagar
...
Há! Quem me dera!
Também quisera...
Pro que eu sinto,
Sempre te fui poeta
(sem mistério, singelo, sincero)

Se eu escrevo
É só pra não dizer fácil
Mesmo que não tão hábil
Algo além de “ei!”,
“ahm...”
e “ô!”

é só pra dizer que
Eu
te
â
mô.
_________________

Ah, você já terminou de ler, eu sei, mas indico que leias com um certo ritmo, pra que a rima idiotinha no final dê certo, sabe? haha
Tô me achando engraçado hoje, deixa eu AIEGIABEIUPAGEBDSAIUGE

9 de fevereiro de 2009

blé.

Sem você por aqui
Bem bem longe de mim
Sinto muito de ti.

Tua voz não me basta ao telefone,
Teus olhos não me gastam daquelas fotos

E mesmo sem teu cheiro,
sem teu tato e sem teus beijos,
Ainda te vejo nos meus devaneios.

Portanto, ou por tão pouco,
o que me resta é diferente de cheirar,
É diferente de tocar,
De ver ou de ouvir.

A mim só restou te sentir.
E sinto, sinto muito.
____________________

bem ao estilo "Pateticamente Poético".

16 de janeiro de 2009

O melhor de tudo, é que era pra mim.

Não era algo comum, tampouco ordinário, falsificado ou copiado. O que eu vi não era palpável, material ou feito de qualquer coisa oriunda dos homens, fosse qual fosse seu nome. Talvez nem terrena fosse a tal da coisa. Suspeitei que tivesse me deparado com alguma encomenda perdida de algum ser angelical, ou quem sabe provinda de um anjo em si, de auréola, asas e um bom coração. De pouca complexidade, era até bem simples na verdade, mas de tão simples se fazia rara.
Ao simples e ao raro, eu adicionaria o puro. Proveniente dos bons anjos e muito pura, esta coisa é bem coisa de criança, e se de criança provém, eliminando todas as possibilidades desta lógica sentimental, resta a quem lê arriscar um “sorriso”.

Não o seu sorriso, não o meu sorriso; mas sim, o sorriso que vi.

Apresentaram-me a ele tempos atrás, mas nunca havia feito objetivo de procurá-lo. Se tivesse corrido, vasculhado e me esforçado, talvez nem teria encontrado, visto que foi ele quem me achou, afinal. Olhando distraído, desprevenido, como quem muito ama e pouco teme, foi sem aviso e bem descontraído que me tirou o ar. Numa jovem de sorriso fácil eu me deparei, talvez pela segunda vez, com o que eu nunca havia procurado, mas sempre quisera encontrar.
Não era um sorriso cheio de dentes, brilhante ou vestido de batom. Se tinha covinhas, se era grande ou pequeno, nu ou de aparelho, não saberei nunca lhe dizer.
O que posso lhe adiantar era sua serenidade. Bem calmo, como quem toca um violão à beira da praia e vê o tempo passar, aquele sorriso me sorria. Era alegre, era bem feliz, feliz em estar como estava, bem ali. Ele brincava de sensações e me lembrava até algum cheiro simples, algum cheiro puro, algum cheiro da chuva. Era um sorriso gostoso de se ver, daqueles que se lê mais claramente que a palavra escrita; daqueles que se ouve uma gargalhada de satisfação, mesmo que não emita som algum.
Se era largo ou bem estreito eu nunca vou saber, mas eram dois. E não eram duas bocas que me sorriam, mas dois olhos que me olhavam. Bem ali, escancarado, era com os olhos que ela me sorria, eram seus olhos que a delatavam.
Era com os olhos.
Ela sorria com os olhos,
e sorria pra mim.



Nunca fui tão agraciado, nunca fiquei tão agradecido.
Muito, muito obrigado.

Um começo, um fim, e nada no meio.

O espelho a observava e ela encarava-o de volta. Hoje, mais que nos outros dias, ele lhe dizia bonita, e dessa vez, não mais menina. Agora era moça feita, mulher da vida e não tão perfeita, mas é com essa beleza que havia de pagar o leito em que se deita. Ah, o começo... foi cometa! Moça nova no pedaço, era um pedaço de mal caminho: carinha de menina e corpinho colegial; como diziam os clientes: - Pneumática, nada, nada mal.
E Mirela fazia sucesso. O dinheiro entrava até mais que os próprios clientes. Ela tinha o que comer, onde dormir e agora não era só sobreviver. Seu preço escolhia os homens ao bel prazer e as noites eram mais por esporte do que simplesmente “fazer”. Agora Mirela se fazia, fingia não ser mulher da vida, ia à igreja e tinha moradia fixa. Não acreditava tanto nesse tal de Deus, mas se isso a fizesse parecer mais gente, mais decente, estava de bom tamanho.
No entanto, como as carnes de comer, que se conservam melhor no abrigo de um freezer, a esta altura nossa prostituta estaria mais segura se não ficasse exposta ao frio da rua. Como uma carne ao vento, seu corpo maltratado por um senhor chamando Tempo já não era mais o mesmo. Mirela não entende, porém, quando menos esperava, já estava grávida e doente.
Veio o filho, foram-se os clientes. Não tinha partido deste mundo e sua criança já ganhara a herança: tal qual sua mãe, era soro positivo, doença incurável; mais um sem esperança. Ainda freqüentava a capela, no entanto, já era conhecida, todo mundo já sabia: - Aquela ali, mulher da vida – e mal sabiam que era de uma vida que Mirela precisava.
“O Cristo que me pregam nem era tão bom assim”, pensava. Ganhara e perdera a vida exatamente como Ele, porque havia de ser pior? A vida inteira o pão foi de seu corpo, e o vinho era o sangue, o mesmo sangue, nos mesmos dias do mês, toda vez. Era este vinho que a fazia recordar seu eu mulher, que desperta o desejo e lhe trazia o dinheiro.
“O Cristo que me pregam nem era tão bom assim”, não cansava de repetir. “Igualzinha a Ele, findo-me numa cruz, numa encruzilhada, tão pesada quanto.” Com um filho pra sustentar, lá se vai mais uma prostituta das esquinas desta vida, doente, em dívida, ofendida. E sem um Deus que lhe baste para acreditar.
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Da época do cursinho.
O tema era prostituição, e a proposta era que se fizesse uma narração. A avaliadora gostou bastante, mas não aceitou, já que acabei fazendo uma narração 'com sonoridade', e isso não é permitido no vestibular...

13 de janeiro de 2009

Ausente,

mas por forças maiores que a minha própria.
Felicidade extrema seria uma desculpa para não escrever? Não, na verdade um motivo a mais para escrever, não é? Mas se somarmos esta felicidade extrema à empolgação elouquente e duradoura, mais o deslumbramento real do que antes era apenas um futuro impossível, aí sim temos uma boa razão para NÃO postar.

Chega de mistério. O motivo de tanto euforia? PASSEI!
Eu
passei
no
ves-ti-bu-lar!

Jornalismo UFSC 2009.2, aí vou eu!

Só para deixar a par os poucos que acompanham o blog e não me conhecem pessoalmente, e dizer que a partir de amanhã retomarei as atividades. heheh